quinta-feira, 27 de agosto de 2009

ESCURIDÃO

Nos leva,
a fundo
Nos fazendo perceber
porque não conseguimos mais voar
Estilhaços de carniça esbranquiçada
Fedendo ao teu perfume
Olhei pras estrelas
e elas não brilharam ontem
Você roubou-lhas o brilho incandescente
E agora,
seus olhos me cegam
Você tornou-se purpurina,
cintilante,
brilhante
Com o brilho das minhas estrelas

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

CARNAVAL

Já não sei mais o que é certo
Ficar distante ou estar por perto
Eu sei que estou fugindo,
me deixando partir
Sei que nos trancafiamos,
cada qual do seu lado
E esquecemos do principal
O amor estatizou,
petrificou
Virou um bálsamo
Uma saraivada de confissões não ditas
Uma goteira incessante que irrita
Um passeio que não termina
Um avião que não aterrissa
Uma mão que nunca dá tchau
Um fevereiro,
um Rio de Janeiro sem carnaval

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Porto

Nostalgias do além-mar
Talvez a descoberta
do que é infinito
O encontro do sol
com a água horizontal,
buscando a lua
Ver-te desprendido
do cais
Ver-te esquecido
do teu pra trás
Ver-te através das águas
Das lembranças que fazem voltar
Nesse mar que vai além
Desse amor que foi aquém.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

TATOO

"Menino do corpo sem tatuagem,
já está tarde
Quem é você?
Deixa a lua,
deixo pro destino
Sonhos aterrados ( do meu lado)
Acordados
Já está tarde
A saudade adora madrugadas"

domingo, 16 de agosto de 2009

SE VOCÊ FOSSE

se vc fosse assim
eu seria assado

se vc fosse cru
eu seria queimado

se vc fosse o fim
eu seria iniciado

se vc fosse careta
eu seria viciado

se vc fosse preto
eu seria prateado

se vc fosse mole
eu seria estruturado

se vc fosse pouco
eu seria um bocado

se vc fosse escuro
eu seria iluminado

se vc fosse integral
eu seria desnatado

se vc fosse baralho
eu seria um dado

se vc fosse em frente
eu iria pro lado

se vc fosse música
eu seria desafinado

se vc fosse de outro jeito
eu já teria te trocado

O SENTIR

E toda a vez que sinto isso sinto que sinto algo estranho. Sinto que sinto vontade de ir embora. De não pertencer. Como se cada vez que sentisse isso que sinto sentisse também tudo aquilo que não quero sentir que sinto.

sábado, 15 de agosto de 2009

PORQUE A VIDA É ASSIM MESMO

E às vezes me arrependo dos meus arrependimentos
De vez em quando dá uma vontade de sair voando
Tomar tanto vento na cara até ela ficar meio torta
Quando foi a última vez que tomamos banho de chuva?
Qual foi a última vez que nos deixamos levar sem pensar, ponderar e calcular?
E a última vez que fingimos nos divertir?
É isso a vida?
Fingir que nos divertimos e esperar o tempo passar
Vida é o tempo que passa entre o nascer e o morrer
Enquanto a vida está viva ainda há preocupação, neurose e bebida alcóolica
Ainda há diversão
Porque a esperança, essa já morreu faz tempo
Mas ninguém nos avisou com medo que tirássemos as pilhas do relógio
(Como se não existissem relógios de corda)
Já que o sol voltou,
que tal abrirmos as janelas?